O Preço da Bondade.

                

A história que irei contar a seguir é repleta por um misticismo, o que faz com que muitos ouvintes de fato duvidem da veracidade dela, porém para mim, aquela pessoa de fé inabalável, e olhar penetrante, me fez ter a certeza que tudo era real, intitulei o então de " O Preço da Bondadade" 

                Quem me conhece sabe o quanto sou atencioso, uma das únicas coisas a qual me orgulho é o fato de ser bastante atencioso com o que me falam, nada me fascina mais do que a troca de experiencias, compartilhar historias, e no fim da conversa, conseguir absorver tudo de melhor, em uma das minhas andanças pelo Centro da cidade conheci Dolores, uma senhora que vendia agua e que olhou fixamente para mim dizendo:
- Você parece alguém que eu conheci...
Eu fiquei sem entender, mas fiquei curioso para saber de onde ( por mais estranho que possa parecer aquele rosto talvez me fosse familiar...)

Ela tinha um ar dócil e me pediu para sentar que ela ia me contar toda a história, e foi ai que começou.

                Meu filho, certa vez meu esposo Francisco ficara muito efêmero, esse foi um tempo difícil, eu não podia trabalhar, pois tinha que acompanhar ele na maior parte do tempo no Hospital, nossos filhos eram pequenos, e eu tinha que deixa-los com a vizinha, enquanto cuidava dele que havia feito uma cirurgia de pedra no rins.
                Um dia desses indo para o Hospital, me encontrava na parada de ônibus, e ela estava bem cheia, desce um garoto do ônibus, assim pouquinho que nem você e todo descabelado( ambos rimos nesse momento) ele mexia em sua bolsa como quem tivesse perdido algo e eu vendo de longe aquilo tudo, mas até então eu não sabia o que diaxo ele procurava tanto, e ele zanzava de um lado pro outro olhando pro chão procurando e eu tava vendo a hora ir lá perguntar o que era, mas fiquei quieta, alguns 10 minutos depois ele chega próximo a mim e havia cerca de 4 a 5 pessoas sentadas ali do meu lado, quando ele fala “ Gente, alguém pode me ajudar a completar minha passagem de ônibus, falta só 50 centavos, preciso ir ao trabalho e perdi a moeda que faltava pra completar a passagem” sua voz era baixa como quem estivesse envergonhado, as pessoas que estavam do meu lado meu fi nenhuma olharam nem no olho do rapaz, mas eu sabia que me sobravam algumas moedas e não vi porque não ajuda-lo, afinal ele não parecia má pessoa!
                Ele subiu no mesmo ônibus que o meu, um Ônibus que vinha para o centro, e o meu marido tava internado ali no IJF,  eu vi quando ele tirou todas as moedas do bolso e era exatamente a quantia certa sem botar nem tirar, eu sorri por ver que ele estava falando a verdade e disse:
- Deu tudo certo meu filho ?
e ele com um ar de alivio respondeu:

- Sim senhora, nem sei como lhe agradecer, agora mesmo conversava com Deus e me perguntava, como eu iria chegar ao meu destino,

E sabe o que saiu da minha boca?

- Deus sabia que eu iria lhe ajudar...

Mal sabia eu que a maior felizarda dessa história toda seria eu, ele era um rapaz tímido, não sentou ao meu lado ao subir no ônibus, percebi que ele era um rapaz de poucas palavras, ele sentou e foi logo tirando uma espécie de caderno, pouco antes da minha parada ele desceu e mais uma vez pegou em minhas mãos e agradeceu.

Ao chegar no hospital o medico afirma que o Francisco vai precisar ter alta no outro dia,  e que era de suma importância o uso de um medicamento que na época custava mais ou menos 70 reais, e eu fiquei branca da cor desse isopor, ( material onde ela armazenava as aguas que vendia) o que eu tinha ali era pouco mais de 20 reais, que vinha juntando, já havia gastado tudo quanto tinha indo e vindo pro hospital, naquele momento entrei em grande desespero, e me apeguei com a única pessoa que pode ajudar a gente nesse momento, meu senhor Jesus Cristo e nossa Senhora, de noitinha eu vinha voltando pra minha casa, havia chegado no hospital depois do almoço e vinha saindo 22 horas, pra buscar meus menino que tava na casa da minha vizinha, pois num é que no mesmo ônibus que eu peguei pra voltar o menino parecido você estava lá, ele me explicara que a família tinha uma livraria ou era um espécime de sebo aqui no centro,  depois de algum tempo conversando já chegava perto de sua parada e ele tira do bolso um livreto, fininho intitulado “A vida de Pedro 100”  e conta a história de um homem muito rico, que teve tudo, mas que era mesquinho, em sonho Deus se manifesta, e ele achava que ninguém no mundo era capaz de derrubar seus castelos, e riquezas, porém ao negar ajuda a uma pobre mulher, esse homem se ver no futuro na mesma situação que ela.

A questão é que eu estava tão aflita, pensando em como ia conseguir comprar o remédio desse homem,  que não consegui pensar em abrir o livreto para ler ate chegar em casa, pois não é que na ultima pagina do dito livro ele havia grampeado uma cédula de 50 reais, naquele momento meus olhos se encheram de lagrimas, pois em nenhum momento eu havia falado da minha condição para ele, foi apenas Deus testando a minha bondade, e eu tenho certeza que esse rapaz era alguém enviado por ele...”

Ela estava realmente com os olhos cheio de lagrimas, e eu ainda mais,  e ela finalizou essa historia dizendo "você não perde por ser gentil com alguém, se alguém usar de má fé contra você, é porque ela não tem nada além disso pra oferecer”

"Danniel Yehudi"

Segue então alguns trechos de " A vida de Pedro 100"

Eu tive tanta fortuna,

Não socorri a ninguém
E todos que me pediram
Eu nunca dei um vintém,

Não há quem me dê também!"

Não desespero, pois sei

Que grande crime expio

Nasci em berço dourado

Dormi no colchão macio

Hoje morro como os brutos

neste chão sujo e frio...

A justiça examinando

Os bolsos de Pedro Cem

Encontrou uma mochila

E dentro dela um vintém

E o letreiro que dizia

" Ontem, teve, hoje não tem"